(Dedicado às mulheres para que possamos rir um pouco e aos homens para que entendam porque sempre vamos juntas ao banheiro e porque demoramos.)
O grande segredo está na infância de uma mulher. Toda menina era levada ao banheiro por sua mãe, e ela sempre ensinava a limpar o assento com papel higiênico e cuidadosamente colocava tiras de papel no perímetro do vaso sanitário dizendo que nunca, mas nunca, se deve sentar em um banheiro público.
Depois dessa orientação a mãe sempre ensina à menina a “posição” (se equilibrar sobre o vaso na posição de sentar sem que o corpo entre em contato com o vaso).A “posição” é uma lição muito importante na vida de uma menina, pois irá acompanha-la por toda a vida.
Na fase adulta, a “posição” torna-se muito difícil, principalmente quando você encontra um fila de mulheres que fazem você pensar que o Leonardo de Caprio está lá dentro do banheiro. A única opção é esperar, sorrindo para as outras mulheres que também estão com braços e pernas cruzadas na posição oficial de “não aguento mais”.
Quando finalmente chega a sua vez e você vê a porta de um dos banheiros se abrir, você entra quase puxando a outra mulher de lá de dentro.
Ao entrar você percebe que o trinco não funciona (nunca funciona), mas você não tem outra opção, então você pendura a bolsa no gancho que há na porta, se não houver gancho (quase nunca tem gancho), olha o chão e vê que está cheio de líquidos não identificados e por isso não se atreve a deixar a bolsa ali. A solução é pendurá-la no pescoço e com uma das mãos segurar a porta.
Com a outra mão você abaixa a calcinha e se coloca na “posição” quase sendo decapitada pela alça da bolsa, que está cheia de bugigangas que você foi enfiando lá e quase nunca usa, mas que guarda porque nunca se sabe…
É nessa hora que seus músculos começam a tremer e você começa a suar, porque você está suspensa no ar, com as pernas flexionadas, o braço fazendo força contra a porta e uma bolsa de 5 kg pendurada no pescoço.
Nesse momento você sente uma enorme vontade de sentar, mas lembra de sua mãe dizendo “Nunca, mas nunca se deve sentar em um banheiro público” e ai você mantém a “posição”, mesmo com as dores musculares.
Enfim o alívio, então você estende a mão até o rolo de papel higiênico, mas o rolo está vazio (sempre está). Nessa hora você reza para ter ao menos um lenço de papel no meio dos seus 5 kg de bugigangas, mas para procurar você deve soltar a porta, e quando você faz isso alguém a empurra contra sua cabeça, daí você grita, OCUPADO.
Aí você considera que todas ouviram e agora você pode procurar o lenço. Você então começa a contar os segundos para sair dali.
É incrível o calor que faz nestes lugares pequenos quando se está com uma bolsa de 5 kg no pescoço, uma mão na porta, um galo na testa devido a pancada da porta e em uma “posição” que exige concentração.
Você então acomoda a roupa muito depressa, tira a alça da bolsa do pescoço e sai.
Agora você se dirige a pia para lavar as mãos e percebe que tudo está molhado e mais uma vez você não pode soltar a bolsa, então a coloca no ombro e fica como o corcunda, para não deixar a bolsa escorregar para baixo do filete de água que sai da torneira.
Então você seca as mãos e finalmente sai de lá, contando com a sorte de não ter nenhum pedaço de papel higiênico preso em seu sapato ou com a saia levantada presa na meia-calça.
Ao sair você vê seu carinha que foi no banheiro e ainda teve tempo de ler um livro, e aí ele pergunta, porque demorou tanto e você apenas responde “A fila estava grande”.
O real motivo da demora, vocês já sabem, não é a fila que estava grande!
E a razão para irmos ao banheiro em grupo é a solidariedade. Em quanto uma vai ao banheiro a outra segura sua bolsa e a porta, assim fica muito mais simples e rápido, já que não irá precisar se contorcer dentro daquele micro espaço.
Obrigada a todas as mulheres que acompanham suas amigas ao banheiro e a vocês homens que agora podem compreender a nossa demora e a nossa ida em grupo ao banheiro!
